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Bem Vindo ao nosso Diário de Bordo!

Este será um relato de nossa experiência em Paraty, na qual iremos descrever as atividades que fizemos, iremos mostrar fotos, curiosidades, observações e anotações que fizemos durante a nossa estadia. Faça bom proveito de nosso aprendizado, esperamos que você possa ter um pouco da sensação maravilhosa que tivemos por lá!

     No nosso primeiro dia, mergulhamos e visitamos a usina de Angra dos Reis. O dia começou cedo, acordaram-nos às 6:20 am, ainda sonolentas comemos o café da manhã e partimos para a Marina do Engenho. No pier, embarcamos em um barco bem estável em que toda a equipe de instrutores nos esperava. Enquanto íamos para o local próprio e seguro para atracar, alguns instrutores passavam as informações necessárias para mergulhar. No nosso grupo, o simpático Gil foi o responsável por essa parte. O que foi esplicado: os sinais da linguagem de mergulho, como e quando fazer a equalização (processo de igualar as pressões interna e externa pinçando o nariz e expirando), como se dava a respiração por meio da máscara de oxigênio e sua importância, o porquê dos pesos adicionais e qual a vestimenta obrigatória (óculos e roupa  própria para mergulho além dos  pés de pato).

    A vista deslumbrante encantou a todos. Como poucos, entre os alunos, tinham alguma experiência mergulhando, fizemos o primeiro módulo do curso de mergulho, o Discover Scuba Diving, também conhecido como batismo. A profundidade máxima que poderiamos ir era de apróximadamente 9 metros no local. Não foi possível todos os alunos descerem juntos pois não havia instrutores suficientes (a principal característica deste primeiro contato com o mergulho é que o instrutor o acompanha a todo momento monitorando-o de tal forma que cada aluno teria seu próprio instrutor).

   A água estava com uma boa visibilidade e o céu aberto favorecendo essa atividade. Depois de descer do barco e ajustar o necessário, começamos o mergulho. Foi possível ver diversas espécies. Como espécies do filo dos Poríferos, estes são caracterizados pela ausência de tecidos ou órgãos especializados, por serem invertebrados, terem o corpo repleto de poros (pequenos orifícios) e terem alto poder de regeneração, esse filo é considerado o mais simples dos animais por não apresentar grande complexidade em sua estrutura.

    Continuando a introdução à biologia marinha, o filo dos Cnidários apresenta-se mais complexo que o filo anterior. Nele é característico a presença de sistema nervoso, ausência dos sistemas cardiovascular, respiratório e escretor e possuem o sistema digestivo incompleto. Esses animais se apresentam em dois tipos morfológicos, os pólipos (forma fixa) e as medusas (livre nadantes). Eles são conhecidos por causarem queimaduras, mesmo que não sejam todos. O causador delas é o líquido urticante que é contido em células especiais, chamadas cnidócitos (cnidoblastos ou nematoblastos) mais presentes nos tentáculos. Também tivemos a portunidade de observar outros filos do Reino Animalia, como o filo Mollusca, que se caracteriza por serem animais triblásticos, celomados e protostômios. Apresentam o corpo mole, não segmentado, e com simetria bilateral. O pé é a estrutura muscular mais desenvolvida dos moluscos. Com ele, podem se deslocar, cavar, nadar ou capturar suas presas. Uma característica marcante da maioria dos moluscos é a presença da concha. Trata-se de uma carapaça calcária, que garante boa proteção ao animal. Além desses, vimos o filo Echinodermata, o nome do grupo é derivado de duas palavras gregas: echinos, que significa espinho, e derma, que significa pele, e se refere às projeções em forma de espinhos ou tubérculos presentes na superfície do corpo. Logicamente, vimos o filo Chordata,  compreende um grande grupo de animais que, em alguma fase da vida compartilham características morfológicas, como a notocorda, que indicam a existência de um ancestral comum. São triblásticos - possuem os três folhetos germinativos-, deuterostômios - o blastóporo dá origem ao ânus - e celomados.

     Além disso, é necessário lembrar nesta viagem sobre a importância da Ecologia Marinha e seus fundamentos.

De tarde visitamos a Usina Nuclear e tiramos algumas de nossas dúvidas. A Usina Nuclear é uma instalação industrial que produz energia elétrica a partir de reações nucleares. A fissão nuclear é uma reação que ocorre no núcleo de um átomo. Geralmente o núcleo pesado é atingido por um nêutron, que, após a colisão, libera uma imensa quantidade de energia. No processo de fissão de um átomo, a cada colisão são liberados novos nêutrons. Os novos nêutrons irão colidir com novos núcleos, provocando a fissão sucessiva de outros núcleos e estabelecendo, então, uma reação que denominamos reação em cadeia.

Geralmente, as usinas nucleares são construídas por um envoltório de contenção feito de ferro armado, concreto e aço, com a finalidade de proteger o reator nuclear de emitir radiações para o meio ambiente. E o elemento mais utilizado para a produção dessa energia é o urânio.
A usina é “separada” em três fases. Inicialmente, o urânio é colocado no vaso de pressão. Com a fissão, há a produção de energia térmica. No sistema primário, a água é utilizada para resfriar o núcleo do reator nuclear.
No sistema secundário, a água aquecida pelo sistema primário transforma-se em vapor de água em um sistema chamado gerador de vapor. O vapor produzido no sistema secundário é aproveitado para movimentar a turbina de um gerador elétrico.
O vapor de água produzido no sistema secundário é então transformado em água através de um sistema de condensação, ou seja, através de um condensador que, por sua vez, é resfriado por um sistema de refrigeração de água. Esse sistema bombeia água do mar, água fria, através de circuitos de resfriamento que ficam dentro do condensador.
Por fim, a energia que é gerada através de todo o processo de fissão nuclear chega às residências por redes de distribuição de energia elétrica, abastecendo cerca de 30% do Rio de Janeiro.

Existe dois sistemas de usinas usados hoje no mundo inteiro, o PWR e o BWR

No sistema PWR a fissão dos átomos de urânio acontece dentro das varetas do elemento combustível e aquece a água que passa pelo reator a uma temperatura de 320 graus Celsius. Para que não entre em ebulição – o que ocorreria normalmente aos 100 graus Celsius -, esta água é mantida sob uma pressão 157 vezes maior que a pressão atmosférica.

O gerador de vapor realiza uma troca de calor entre as águas deste primeiro circuito e a do circuito secundário, que são independentes entre si. Com essa troca de calor, a água do circuito secundário se transforma em vapor e movimenta a turbina - a uma velocidade de 1.800 rpm - que, por sua vez, aciona o gerador elétrico.

Esse vapor, depois de mover a turbina, passa por um condensador, onde é refrigerado pela água do mar, trazida por um terceiro circuito independente. A existência desses três circuitos impede o contato da água que passa pelo reator com a dos demais.

Uma usina nuclear oferece elevado grau de proteção, pois funciona com sistemas de segurança redundantes e independentes (quando somente um é necessário).

Nos reatores BWR a água aquecida pela fissão de átomos de urânio é transformada em vapor que ativa a turbina do gerador para produzir eletricidade. O BWR, portanto, assemelha-se a uma chaleira nuclear, cuja fonte de calor é um combustível constituído de óxido de urânio enriquecido, em liga de zircônio.

 

Há vantagens evidentes em permitir que ocorra ebulição no núcleo de um reator refrigerado e moderado a água, particularmente se o vapor assim produzido for separado da água saturada e em seguida canalizado diretamente para as turbinas, configurando um ciclo direto. Este sistema elimina a necessidade da existência de trocadores de calor, que são parte integrante do projeto de reatores PWR e acarretam tanto perdas termodinâmicas quanto aumento de custos. Uma vez que não há necessidade de impedir a ocorrência de ebulição no núcleo, a pressão no reator pode ser muito mais baixa que a verificada em um PWR no qual vapor de água é produzido nas mesmas condições, o que constitui mais um aspecto favorável.

 

As dúvidas existentes inicialmente em relação aos reatores refrigerados a água fervente (BWR) eram referentes ao efeito que a ocorrência de ebulição no núcleo teria sobre a segurança e a estabilidade do reator. Temia-se também o risco de contaminação radioativa quando o vapor de água gerado no núcleo circulasse através das turbinas. Diversos testes e experimentos mostraram que estas preocupações na verdade não representam problemas sérios. A ocorrência de ebulição no núcleo do reator se mostrou segura e vapor de água com frações de secura de até 15% chegou a ser obtido na saída do núcleo. O problema de contaminação radioativa pode ser amplamente superado garantindo-se que a água do sistema apresente um grau de pureza bastante alto.

 

Em muitos aspectos, um reator BWR é semelhante a um reator PWR. A diferença principal é a ausência de um trocador de calor entre o reator nuclear e o ciclo de potência.

 

Um acidente com perda total da alimentação elétrica, como o ocorrido em Fukushima, um reator PWR permitiria que os operadores tivessem mais tempo para o restabelecimento da energia do que um BWR. A usina PWR conta com circuitos independentes e geradores de vapor, equipamentos que contêm uma quantidade significativa de água e que permitem que o resfriamento do reator ocorra por circulação natural até o restabelecimento de energia. Sem a necessidade de se utilizar bombas acionadas por eletricidade.

Numa usina BWR, existe um circuito único, sem geradores de vapor. Um corte no fornecimento de energia interrompe imediatamente o resfriamento, como aconteceu na usina de Fukushima Daiichi. Portanto, nessas condições, a usina PWR apresenta algumas vantagens.

Energia limpa é aquela que não libera, durante seu processo de produção ou consumo, resíduos ou gases poluentes geradores do efeito estufa e do aquecimento global. As fontes de energia que liberam quantidades muito baixas destes gases ou resíduos também são consideradas fontes de energia limpa.

              

1° dia: Mergulho e Usina Nuclear Angra dos Reis

Em nosso segundo dia, quarta-feira, dia 06 de julho, fizemos uma visitação a Trilha do Ouro, observamos o funcionamento de um Alambique e no período da tarde fizemos um City Tour pelo centro histórico de Paraty. O dia começou por volta das 8:00 am, na qual um ônibus da prefeitura nos buscou, juntamente, do guia Renan - foi um grande companheiro de nossa viagem -, e fomos rumo à Trilha do Ouro. Chegando lá, o professor de história, Rodrigo Pavan, fez uma breve explicação sobre a história e origem do Caminho, que interliga, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. 

Da mais bela baía de mar verde e calmo e do seu singelo casario colonial, muito já se falou. Mas poucas pessoas sabem que a história desta cidade está intimamente ligada a uma velha trilha dos índios Guaianás, que mais tarde veio a ser uma das mais importantes vias de entrada para o interior do país, ligando o litoral à Minas Gerais: O Caminho do Ouro. A Trilha do Ouro é uma estrada construída por escravos durante os séculos  XVII e XIX. Por ser um ponto de passagem obrigatória, o caminho ligava Minas Gerais a Rio de Janeiro e São Paulo. No chamado "Ciclo do Ouro", Paraty exercia a função de Entreposto Comercial e também por sua posição geográfica, porto escoadouro da produção de ouro de Minas para Portugal. 

 

Em 1728, dezesseis mil cabeças de "homens, animais e escravos" passam pelo Caminho do Ouro, pagando pedágio de duas patacas e quatro vinténs por cada pessoa, e quatro patacas por cada animal. Esta trilha, depois calçada com pedras e intensamente utilizada tanto no século XVIII para o transporte do ouro das minas até o Rio de Janeiro e daí para Portugal, como no século XIX, quando trazia para o litoral a produção de café do Vale do Rio Paraíba, sempre esteve intimamente ligada a historia da cidade que teve os seus altos e baixos sempre de acordo com o movimento de tropeiros que por ela passavam.

Abandonada desde o final do século passado, quando a chegada do trem de ferro e a abolição da escravatura tentaram decretar o final de sua vida útil, a velha trilha Guaianá, posteriormente, único caminho oficialmente permitido para a passagem do ouro das minas, ressurge como uma interessantíssima atração de turismo histórico e ecológico.

Em Paraty, um trecho da Trilha, que está sendo recuperado graças ao esforço particular do Sítio Histórico e Ecológico do Caminho do Ouro - Sh-eco, está aberto para visitação, oferecendo um magnífico passeio onde se encontram além da interessante engenharia de sua construção, belas cachoeiras, uma incrível vista da baía da Ilha Grande, e, ainda de quebra, toda a exuberância da Mata Atlântica à sua volta. O motivo de preservação destes importantes 2,5 km em nossa história deve-se ao fato de durante a decadência de Paraty (deixa de ser porto cafeeiro quando em 1870 entra em operação a ferrovia D. Pedro II ligando Guaratinguetá ao Porto de Santos até o redescobrimento novamente de Paraty como destino turístico a partir da inauguração da rodovia Rio - Santos em 1973) toda a Mata Atlântica se regenera e cresce em cima destes 2,5 km durante os 103 anos de abandono e decadência da cidade. O Caminho do Ouro foi redescoberto em 1998 e durante 5 anos equipes realizaram o trabalho arqueológico, abrindo ao público em 2003.

No princípio a estrada no Caminho do Ouro, eram construídas em linhas retas. Com as mudanças das matas e os caminhos da água essas estradas eram danificadas, assim foram construídas caneletas junto à estrada para o escoamento (imagem), com o tempo foram feitas as curvas no caminho, para que assim as ações da natureza não interferissem na estrada.

Como a viagem das tropas eram longas, no caminho eles se alimentavam de bananas, mandiocas (no caso o que eles plantavam e que a natureza oferecia) e também a Framboesa, que por serem suculentas matavam a cede de quem passava pelo caminho.

    Na trilha do ouro, além de conhecermos mais sobre o caminho do ouro que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, nós pudemos apreciar ao longo da trilha uma área preservada da Mata Atlântica, no parque Nacional da Serra da Bocaína. A Mata Atlântica é uma formação vegetal que está presente em grande parte da região litorânea brasileira, sua biodiversidade é semelhante à da Amazônia e os animais mais conhecidos dela são o Mico-Leão-Dourado, onça-pintada, bicho-preguiça e capivara. Com uma rica biodiversidade, presença de árvores de médio e grande porte formando uma floresta fechada e densa, a Mata Atlântica encontra-se, infelizmente, em processo de extinção. Isto vem ocorrendo desde a chegada dos portugueses ao Brasil, quando iniciou-se a extração do pau-brasil, importante árvore da Mata Atlântica. Atualmente, os principais fatores responsáveis pela extinção dessa mata são as especulações imobiliárias, o corte ilegal de árvores e a poluição ambiental mantendo, hoje, somente 7% da área original da Mata. Outro problema é fato das nascentes e mananciais abastecerem as cidades, que vem contribuindo com as crises hídricas, associados à escassez, ao desperdício, à má utilização da água, ao desmatamento e à poluição.

   Existe mais de dez mil árvores diferentes da mata atlântica, a mais importante é o Palmito Jussara por sua semente e fruto alimentarem diversos animais, que vão de tucanos, sabiás e periquitos, à maritacas, jacus, tatus e capivaras. Sua diferença se dá por frutificar no inverno, tornando-se fundamental à manutenção desses bichos. E não são só a eles. Serve de alimento também para o homem, já que suas palmeiras fornecem frutos, açúcar, óleo, cera, fibras e matéria-prima para a produção de celulose.

   Paraty foi considerada Patrimônio Estadual em 1945 e tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1958 e finalmente convertido em Monumento Nacional em 1966. Passear pelo Centro Histórico de Paraty é entrar em outra época, onde o caminhar é vagaroso devido às pedras "pés-de-moleque" de suas ruas. As construções de seus casarões e igrejas traduzem um estilo de época e os misteriosos símbolos maçônicos que enfeitam as suas paredes nos levam a imaginar como seria a vida no Brasil de antigamente. A proibição do tráfego de automóveis no Centro contribui para esta viagem pelo "Túnel do tempo". Além de a presença das águas, com a invasão das marés na lua cheia, a cultura do café e da cana, o porto e seus piratas, a maçonaria determinaram o traçado do Centro Histórico de Paraty.

 

   A cidade foi fundada em 1667 em torno à Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, sua padroeira. Teve grande importância econômica devido aos engenhos de cana-de-açúcar (chegou a ter mais de 250), sendo considerada sinônimo de boa aguardente.

  No século XVIII, destacou-se como importante porto por onde se escoava de Minas Gerais, o ouro e as pedras preciosas que embarcavam para Portugal. Porém, com a construção de um novo caminho da Estrada Real, desembocando diretamente no Rio de Janeiro, levou a cidade a um grande isolamento econômico. Após a abertura da Estrada Paraty-Cunha, e principalmente, após a construção da Rodovia Rio-Santos na década de '70, Paraty torna-se pólo de turismo nacional e internacional, devido ao seu bom estado de conservação e graças às suas belezas naturais. A cidade de Paraty esteve ligada a uma importante época no cenário histórico brasileiro, devido sua posição estratégica tornou-se o segundo maior porto do país, pois por ali era escoado o ouro que saia de Minas Gerais para Portugal. Uma cidadezinha assentada entre o mar e as montanhas e cercada por uma reserva da mata atlântica, esta que hoje é secundária devido ao período de decadência quando da abertura de um novo caminho - desta vez ferroviário - entre Rio e São Paulo, através do Vale do Paraíba.

  No século XVII quando os bandeirantes (mistura de índios com portugueses), depois de muita procura, descobrem ouro em Vila Rica (hoje Ouro Preto)  e Diamantina, ambas em Minas Gerais; o rei D. João V manda fazer a Estrada Real, de mão dupla, que ligava Paraty com povoados e vilas, passando por regiões de ouro e diamante. Essa estrada tinha antigamente 1500 km, demorava-se em média 90 dias ou 3 meses para chegar em Diamantina e o mesmo tempo para voltar, enfrentando os inimigos e degradados que vieram da Europa para iniciar a colonização. O que nos levou a identificar essa como a segunda fase de Paraty.
Com o fim do ciclo do ouro a cidade se manteve graças a produção da cachaça, considerada uma das melhores do país. No século XIX a economia de Paraty revigorou-se com as plantações de café e depois declinou-se novamente. O Vale do Paraíba era a mais importante e principal região produtora de café, e Paraty era o porto mais próximo para embarque das sacas de café que seguiriam para a Europa.
O ciclo econômico do café fez com que a Vila de Paraty passasse a ter grande movimento, talvez até nunca visto antes. A vinda da Família Real Portuguesa juntamente com toda a corte para o Brasil em 1808 também beneficiou a economia de Paraty, pois aumentou a demanda de bens de consumo.
Mas, em 1870 chegam  as rodovias no Brasil por onde se transportava o dinheiro, em Guaratinguetá são construídas duas linhas de trem a São Paulo Railway ou rodovia Pedro II, que vão unir o vale do Paraíba Carioca até o porto do Rio e o vale do Paraíba Paulista até Santos. Com essa ferrovia começa o período de decadência que duram 103 anos, pois não chegam os navios para pegar a carga e  nem homens, se não há homens não há consumo, se não há consumo não há economia, Paraty torna-se uma cidade fantasma.
No século XX , no final dos anos 70, Paraty recebe um novo impulso. Como nas fases anteriores de "ocupação", no ouro ou no café, um novo ciclo veio dominar e explorar a cidade: o turismo, potencializado no seu conjunto paisagístico, arquitetônico, nas áreas florestadas, nas 65 ilhas e nas mais de 300 praias da região. Paraty era uma cidade muito insalubre, suja, porca e doente porque não havia banheiro, fezes e urinas ficavam expostas pelas ruas. A cidade só era limpa na subida da maré e em noites de lua cheia, por isso Paraty é chamada de Veneza brasileira. Hoje em dia até mesmo na lua cheia a água não inunda mais a cidade, pois a água só vai até o primeiro quarteirão da cidade por causa do saneamento básico. As casas que tinham figuras geométricas eram casas de maçons, eles tinham muito dinheiro por isso construíam o segundo andar de suas casas que servia como uma torre de vigia. O abacaxi nas casas dos maçons significava que quem as habitavam eram de origem nobre ou tornou-se, o abacaxi não é um sinal de maçonaria mais de nobreza pois ele é amarelo como o ouro, coroa como o rei que significava boa sorte, prosperidade e hospitalidade, as trombetas embaixo de suas sacadas eram usadas para drenar a água e para mostrar que estavam louvando a Deus. Tem -se certeza que, no século XVIII as portas e janelas da maioria das casas de Paraty eram pintadas em branco e azul, o chamado azul-hortênsia da Maçonaria Simbólica. Paraty foi urbanizada por Maçons.
Um toque de misticismo e esoterismo também se mistura à história desta cidade. Documentos comprovam que o primeiro padroeiro de Paraty foi São Roque, um santo místico esotérico, que percorreu como peregrino o caminho de San Thiago de Compostela. De certo modo, talvez isso explique o motivo da presença maçônica em Paraty. Segundo pesquisas baseadas em documentos e nos indícios de simbologia maçônica encontrada nas ruas e nos sobrados mais antigos, a Maçonaria se instalou aqui no início do século XVIII Mas a simbologia está muito mais presente em Paraty do que podemos imaginar. Um exemplo típico é a proporção dos vãos entre as janelas, em que o segundo espaço é o dobro do primeiro, e o terceiro é a soma dos dois anteriores; isto é, A+B=C, ou seja, a soma das partes é igual ao todo, que se resume no retângulo áureo de concepção maçônica. Nesta época, a cidade já possuía um arruador, que era a pessoa encarregada de organizar as construções das ruas, das casas, das praças. Esse arruador, que chamava-se Antônio Fernandes da Silva, foi o responsável pelo traçado "torto" das ruas e desencontrado das esquinas, sobre os quais há muitas explicações. Segundo ele próprio, esse traçado foi feito para evitar o vento encanado nas casas e distribuir equitativamente o sol nas residências. Outro sinal da presença maçônica são três pilares (cunhais) de pedra lavrada, encontradas em algumas esquinas, que, segundo diz o povo, foram colocados para formar o triângulo maçônico. Talvez isso explique as ruas "entortadas"  do arruador.

As colunas das ruas de Paraty formam um pórtico, uma à direita e outra à esquerda da porta de entrada das casas, ou seja, a mesma função de informar ao visitante que ali mora um maçom, que certamente daria todo o apoio necessário.
Através dessa simbologia, o iniciado poderia até saber o grau do maçom de cada residência. Até as plantas das casas feitas na escala 1:33.33, têm a marca da simbologia dos maçons, desta vez da Ordem Filosófica, cujo grau máximo é o de nº 33. Este número é uma referência muito forte. Paraty possui 33 quarterões e, na administração municipal da época, existia o cargo de Fiscal de Quarteirão, exercido por 33 fiscais. A cidade foi planejada para ser um labirinto, as casas eram parecidas umas com as outras, com as mesmas cores (paredes brancas e porta-janelas azul). As ruas começavam largas e se estreitavam sempre fazendo curvas, com descidas em direção ao mar, isso tinha duas funções: para que as fezes e urina pudessem escorrer em direção ao mar, e para que a maré pudesse entrar na cidade. As quatro igrejas de Paraty são voltadas com as portas para o leste, pois é onde o sol nasce e onde se localiza Jerusalém, e são todas católicas e cada uma das igrejas tem um grupo social. Como por exemplo a igreja Rosário de São Benedito,construída em 1725, frequentada pelos negros, a sua localização é desprivilegiada pois está distante do alcance das água que inundavam a cidade para a sua higienização, ou seja, por ser uma igreja de escravos não precisava ser limp

2° dia: Trilha do Ouro, Alambique e City Tour 

No penúltimo dia, fomos à praia  de Paraty Mirim adentrar o mangue. Nesse dia, acordaram-nos relativamente tarde, às 7:20 am, dando início à rotina matinal. Partimos do Cais de Paraty, próximo ao centro histórico, em uma escuna muito confortável e, na minha humilde opinião, bem estável. O tempo de locomoção foi longo, dando assim, tempo para os alunos se divertirem um pouco ou dormirem mais. A belíssima vista impressiona a todos novamente. Quando chegamos à praia era aproximadamente 11:30, o guia Renan, juntamente com o professor Fernando, nos passou algumas informações e logo em seguida entramos no mangue.

O mangue que  visitamos encontra-se entre a Serra do Mar, onde nascem alguns rios, e o mar, onde eles desaguam em uma baía de águas calmas. O ponto de encontro entre essas águas dá origem ao mangue. Durante as marés baixas, o rio invade o mar e durante a maré alta, ocorre o inverso. Essa alta salinidade, ocasionada pela proximidade ao mar, é uma das pressões seletivas do local. Esse ecossistema possui muita abundâcia em recursos ao mesmo tempo que tem uma série de exigências para sobreviver às condições extremas do local. Elas são: alta salinidade, solo instável e baixa presença de oxigênio, o que favorece os organismos anaeróbicos ou aqueles que podem exercer os dois tipos de respiração (anaeróbica e aeróbica).

A fitofisionomia do mar à serra é basicamente: Restinga (mata de encosta), Mangue, Mata de baixada e Mata de altitude. A Restinga é a mata de maior proximidade ao mar, ela começa na areia, com espécies arbustivas e herbáceas e adentra a medida que seus espécimes vão aumentando seu porte. O Mangue é o ecossistema de encontro da água doce e do mar em terra. A Mata de baixada é a que sucede o mangue, sendo caracterizada por apresentar uma mata mais densa. A Mata de altitude apresenta rica diversidade vegetal e exuberante fauna na Serra do Mar (a 1.100 metros do mar) e em Itatiaia (a 1.600 metros do mar) onde a neblina é permanente.

 

Há plantas que apresentam orifícios em seus caules localizados abaixo de suas folhas que são responsáveis por expelir o excesso de sais adquiridos pela planta. As Halófitas  ganham destaque por serem bem adaptadas ao ambiente e por apresentar potencial econômico, como para a produção de óleo com a finalidade de introduzí-lo na produção de biodisel. O Brasil possui uma área aproximada de 25.000 km² de manguezais, o que representa mais de 12% dos manguezais do mundo.

No Brasil podemos observar três tipos de mangues, cada um com caracterisicas tipicas. O mangue-vermelho se caracteriza por solos lodosos, com raízes aéreas; já o mangue-branco (o que visitamos) é encontrado em terrenos mais altos, de solo mais firme, associado a formações arenosas e o mangue-preto assim como a mangue-branco possui raízes radiais só que com pneumatóforos (estruturas que auxiliam na troca gasosa) mais desenvolvidos e em maior número.

 

Uma reclamação geral sobre o mangue é seu cheiro. O seu odor caracterísco, sinceramente, não é agradável, mas é suportável sem grandes desconfortos. Isso se deve à alta taxa de decomposição do ambiente. Esta é tanto aeróbica quanto anaeróbica.

 

 O Manguezal não é um ambiente considerado bonito e sua proximidade ao mar atrai construtoras com o objetivo de aterrar o local e em cima do ecossistema, construir condomínios de luxo. A problemática desse tipo de situação é que o mangue, apesar da sua incompreendida estética, é um berçário para diversas espécies locais e migratórias. Tendo em vista que cada organismo apresenta um nicho ecológico desempenhando um papel de presa e de predador e contribuindo para o equilíbrio total de um ambiente, destruir o local em que várias espécies se abrigam enquanto filhotes é comprometer o equlíbrio do Epinociclo, Luminociclo e Talassociclo, ou seja, da biosfera. Dentro dessas consequências , encaixam-se o impacto financeiro na economia costeira.

 

Enquanto estávamos caminhando pelo mangue, o que é uma experiência emocionante e única, deparávamos com muitas garrafas pet, sapatos velhos e outros materiais não identificados mostrando a realidade da poluição no mangue. O mangue não deve ser visto como um aterro natural onde podemos nos desfazer dos objetos indesejados, pois  isso afeta o tão precioso equilíbrio, como foi citado anteriormente.

 

Ao pedir que as pessoas se informem a respeito do porquê da preservação dos manguezais não é insultar a capacidade intelectual, mas sim pedir que contribuam para manter esse ecossistema, surpreendentemente maravilhoso, preservando-o para as próximas gerações e até mesmo para o futuro próximo.

3° dia: Passeio de Escuna e Mangue

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Fotos tiradas por Luciana Yumi e por Renata Muniz.

   No nosso quarto dia, enfrentamos uma trilha de 8 km conhecida como Trilha do Sono. Muitos dizem que esse nome se dá porque além de ser um lugar ideal para o descanso e a fuga do estresse diário, esse paraíso não fosse ainda uma deliciosa fonte de lazer devido à sua rara beleza natural, com praias de areias finas e águas transparentes, geralmente calmas e refrescantes. (Eu diria que se dá esse nome por que depois da caminhada, quando você chega na praia, voce só quer uma boa rede pra descansar rsrs)

    Logo no começo da caminhada já pudemos observar a exuberante vegetação da Mata Atlântica e algumas espécies comuns como algumas briófitas, cipós e orquídeas. A

biodiversidade da Mata Atlântica é semelhante à biodiversidade da Amazônia. Há

subdivisões do bioma da Mata Atlântica em diversos ecossistemas devido a variações de latitude e altitude. Ao passarmos pelo litoral e pelos planaltos interioranos, não iremos admirar simplesmente a bela paisagem da Mata Atlântica, mas sim uma série de ecossistemas com características próprias, além de ecossistemas associados como os campos de altitude, brejos interioranos, manguezais, restingas e ilhas oceânicas no

litoral.

  Tal variedade se explica pois, em toda sua extensão, a Mata Atlântica é composta por uma série de ecossistemas cujos processos ecológicos se interligam, acompanhando as características climáticas das regiões onde ocorrem e tendo como elemento comum a exposição aos ventos úmidos que sopram do oceano. Isso abre caminho para o trânsito de animais, o fluxo gênico das espécies e as áreas de tensão ecológica, onde os ecossistemas se encontram e se transformam. A vida é mais intensa nas copas das árvores, que se tocam, formando uma camada contínua. Algumas podem chegar a 60 m de altura. Esta cobertura forma uma região de sombra que cria o microclima típico da mata, sempre úmido e sombreado. Dessa forma, há uma separação da vegetação, criando diferentes habitats nos quais a diversificada fauna vive.

  Infelizmente, com a nossa presença, alguns animais se mantem afastados mas a fauna

endêmica é formada principalmente por anfíbios, mamíferos e aves das mais diversas

espécies. É uma das áreas mais sujeitas a precipitação no Brasil e as chuvas são

orográficas, em função das elevações do planalto e das serras.

Da flora, 55% das espécies arbóreas e 40% das não-arbóreas são endêmicas, ou seja, só existem na Mata Atlântica. Estima-se que 8 mil espécies vegetais sejam endêmicas da Mata Atlântica. Observa-se também que 39% dos mamíferos dessa floresta são endêmicos, inclusive mais de 15% dos primatas, como o Mico-leão- dourado. Das aves

160 espécies, e dos anfíbios 183, existem apenas nessa região. Os números impressionantes são um dos indicadores desse bioma como o de maior biodiversidade na face da Terra.

    A grande riqueza da biodiversidade na Mata Atlântica também é responsável por surpresas, como as descobertas de novas espécies de animais. Recentemente, foram catalogadas a rã-de- alcatráses e a rã-cachoeira, os pássaros tapaculo-ferrerinho e bicudinho-do-brejo, os peixes Listrura boticario e o Moenkhausia bonita, e até um

novo primata, o mico-leão- de-cara- preta, entre outros habitantes.

    Num bioma reduzido a cerca de 8% de sua cobertura original é inevitável que a diversidade faunística esteja pressionada pelas atividades humanas. A Mata Atlântica abriga hoje 383 dos 633 animais ameaçados de extinção no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Causas para o desaparecimento de espécies e indivíduos são a caça e a pesca predatórias, a introdução de seres exóticos aos ecossistemas da Mata Atlântica, mas principalmente a deterioração ou supressão dos habitats dos animais, causados pela expansão da agricultura e pecuária, bem como pela urbanização e implementação mal planejada de obras de infra-estrutura.

A proteção da fauna e da flora está diretamente relacionada à proteção do meio

ambiente onde essas espécies convivem, se relacionam e sobrevivem. Em paralelo, outras medidas importantes são a fiscalização da caça, da posse de animais em cativeiro, do comércio ilegal de espécies silvestres; fiscalização efetiva da atividade pesqueira; e realização de programas de educação ambiental junto à população visando a conscientização da população humana, acerca da necessidade de preservar o meio ambiente estabelecendo limites para a ocupação do solo e incrementando a formação de novas áreas de preservação ambiental em todos os municípios situados dentro desse delicado bioma da Mata Atlântica.

Algumas relações que podemos encontrar ao observar e estudar sobre a trilha são a

competição entre plantas, que também é muito comum, mas de forma indireta, pois

cada vegetal “luta” com outro a fim de obter recursos limitantes do meio, como

nutrientes e luz solar. A protocooperação entre a embaúba e as formigas que se

relacionam de forma amigável onde a árvore recebe proteção e o inseto, alimento e

abrigo. Algo muito comum são plantas que sobem e se apoiam em outras para sobreviver, preferindo árvores mais altas em busca de luz. Além de uma das relações mais importante que acontece entre os fungos e algas que constituem os líquens, onde as algas, por meio da fotossíntese, sintetizam matéria orgânica que o fungo utiliza como alimento. Já os fungos, além de proteger a alga, retêm umidade e nutrientes que a alga utiliza. Esse mutualismo entre a alga e o fungo se torna obrigatório porque ambos não conseguiriam viver sozinhos.

   No fim da trilha, tivemos uma vista incrível da Praia do Sono. Com os dois grupos juntos, não faltou diversão, muitas risadas e vários mergulhos. Foi um momento de descontração onde relaxamos e estreitamos ainda mais os laços, que ao fim da viagem, se tornaram amizades incríveis. Essa praia é praticamente um lugar intocado pela civilização, possuindo apenas uma pequena vila de pescadores, com poucos serviços turísticos como pousadas e restaurantes.

   Uma representante da tribo Caiçara, marcou de surpresa uma palestra conosco onde falou mais da sua tribo. Uma história que há 50 anos para ela e toda sua família se tornou orgulho carregar consigo o nome da sua tribo, mais responsabilidade com toda a diversidade ao seu redor e mais alegria por estarem exatamente onde querem mesmo com todas as dificuldades, onde “comer do que se pesca e se alimentar do que come basta para uma vida feliz”, palavras da professora, mãe e filha da Tribo Caiçara.

4° dia: Trilha do Sono e Praia do Sono

CUIDADO ÁREA DE FORTE RISCO DE SE APAIXONAR

Paraty se localiza na região sudeste do estado do Rio de Janeiro fazendo divisa com São Paulo. O clima é tropical úmido de encosta, ocorrendo chuvas orográficas e as rochas presentes são dos períodos pré-cambrianos. O clima de Paraty é quente e úmido, a temperatura média anual é de 27 ºC. No verão é o período mais quente, sendo nas outras estações a temperatura mais amena. A flora da Mata Atlântica é bem diversificada, principalmente de bromélias. O relevo é irregular, fato que faz com que ocorra a presença de cachoeiras e cascatas. Na parte da fauna marinha, existem centenas de espécies de peixes na baía de Paraty e na parte dos manguezais há uma grande diversidade de crustáceos da região, como sururu, tarióba, praguaí, ostra, camarão, siri e caranguejo. Já na fauna terrestre há uma grande diversidade de animais como jaguatirica, lontra, raposa, veado, gambéas, capivara, paca, macacos, tatu, porco-do- mato, cotia , mono-carvoeiro, aves como sabiá, papagaio, periquito, pica pau, tucano, mutum, macuco, gaviões e repteis como cobras e lagartos.

 

Fotos tiradas por Luciana Yumi e por Alexandre Alves.

Fotos tiradas por Luciana Yumi e por Alexandre Alves.

A cana é a matéria prima para a fabricação da cachaça.  A cana usada na produção do destilado artesanal é colhida manualmente e não é queimada, prática que precipita sua deterioração. Depois de cortada, a cana madura, fresca e limpa deve ser moída num prazo máximo de 36 horas. As moendas separam o caldo do bagaço, que será usado para aquecer as fornalhas do alambique. O caldo da cana é decantado e filtrado para, em seguida, ser preparado com a adição de nutrientes e levado às dornas de fermentação. Algumas moendas são movidas por motor elétrico, outras por rodas d'água, e têm a função de espremerem a cana, para dela extraírem o suco. Como cada tipo de cana apresenta teor de açúcar variado, é preciso padronizar o caldo para depois adicionar substâncias nutritivas que mantenham a vida do fermento. Como a cachaça artesanal não permite o uso de aditivos químicos, a água potável, o fubá de milho e o farelo de arroz são os ingredientes que se associam ao caldo da cana para transformá-lo em vinho com graduação alcoólica, através da ação das leveduras (agentes fermentadores naturais que estão no ar). A sala de fermentação precisa ser arejada e manter a temperatura ambiente em 25°. As dornas onde a mistura fica por cerca de 24 horas, podem ser de madeira, aço inox, plástico ou cimento. O vinho de cana produzido pela levedura durante a fermentação é rico em componentes nocivos à saúde, como aldeídos, ácidos, bagaços e bactérias, mas possui baixa concentração alcoólica. Como a concentração fixada por lei é de 38 a 54 GL, é preciso destilar o vinho para elevar o teor de álcool. O processo é fazer ferver o vinho dentro de um alambique de cobre, produzindo vapores que são condensados por resfriamento e apresentam assim grande quantidade de álcool etílico. Os primeiros 10% de líquido que saem da bica do alambique (cabeça) e os últimos 10% (cauda) devem ser separados, eliminados ou reciclados, por causa das toxinas. Constituindo-se no processo que aprimora a qualidade de sabor e aroma das bebidas, o envelhecimento é a etapa final da elaboração da cachaça artesanal. A estocagem é feita, preferencialmente, em barris de madeira, onde ainda acontecem reações químicas. Existem madeiras neutras, como o jequitibá e o amendoim, que não alteram a cor da cachaça. As que conferem ao destilado um tom amarelado e mudam seu aroma são o carvalho, a umburana, o cedro e o bálsamo entre outras. Cada uma dá um toque especial, deixando a cachaça mais ou menos suave, adocicada e/ou perfumada, dependendo do tempo de envelhecimento

POST IT -  ESPECIAL: ALAMBIQUE

Para ver a famosa produção artesanal de cachaça, fomos visitar o Alambique Engenhno D’Ouro . Lá, o processo nos foi explicado. Primeiro é retirado o caldo da cana pela moagem, é acrescentado água obtendo-se o mosto. Esse caldo é fermentado pelas leveduras em que o açúcar é transformado em álcool, ele é decantado, processo de separação por meio da densidade dos elementos na mistura, para a retirada de impurezas e depois ele é fervido até adquirir o melaço. Este é colocado em uma caldeira para a destilação. Especificamente nesse alambique, a caldeira é de Cobre, mesmo existindo equipamentos mais modernos, pois influenciaria no sabor final da cachaça (é o que disseram). A destilação simples consiste na separação dos elementos por meio do ponto de ebulição do elemento mais volátil, que é a cachaça. Ela que foi aquecida a aproximadamente 120°C  na caldeira, em seu estado de vapor passa pela serpentina para resfriar.

 

O primeiro corte da cachaça, seus primeiros litro, é chamado de cachaça de cabeça. Ela apresenta maior concentração de álcool e gosto mais forte. Os litros do segundo corte, litros do meio, são chamados de cachaça de coração que é tradicionalmente  envelhecida e engarrafada. O último corte da cachaça, os litros finais, são chamados de cachaça do rabo, os quais contém substâncias tóxicas.

 

A cachaça de coração, no Alambique, é bombiada para tonéis de madeira onde é envelhecida.O processo de envelhecimento da cachaça, além de agregar valor, é responsável por realçar o sabor e acrescentar o aroma da madeira no qual foi envelhecido. Ex.: a cachaça PRATA envelhecida em Jequitiba, premiada internacionalmente.

Para o contexto da escravatura à qual está interligada à história do Caminho do Ouro, é importante fazer a conexão com as Leis Abolicionistas que o Brasil aderiu, como a Lei do Ventre Livre, de acordo com esta lei, os filhos de escravas, nascidos após a promulgação da lei, ganhariam a liberdade. Porém, o liberto deveria permanecer trabalhando na propriedade do senhor até 21 anos de idade. A Lei dos Sexagenários, dava liberdade aos escravos com mais de 65 anos de idade. Esta lei acabava por beneficiar os proprietários de escravos, pois dificilmente um escravo chegava a esta idade com as péssimas condições de trabalho que tinham durante a vida e assim, se livravam de trabalhadores pouco produtivos, cansados e doentes, economizando assim em alimentação e moradia. E a Lei Áurea, promulgada em 1888 pela Princesa Isabel, esta lei aboliu definitivamente a escravidão no Brasil. Porém, a liberdade não garantiu aos ex-escravos melhorias significativas em suas vidas. Como o governo não se preocupou em integrá-los à sociedade, muitos enfrentaram diversas dificuldades para conseguir emprego, moradia, educação e outras condições fundamentais de vida. Vale lembrar que muitos fazendeiros preferiram importar mão-de-obra europeia à contratar os ex-escravos como assalariados.

POST IT - ESPECIAL: LEIS ABOLICIONISTAS

Para um melhor entendimento sobre a história de Paraty, neste Post It  iremos falar sobre as igrejas, sobre as religiões afro-brasileiras, sobre a reafirmação cultural do negro na sociedade e as questões sociais em torno das irmandades católicas-africanas, então bom proveito do POST IT ESPECIAL!

Igreja Matriz de Nossa senhora dos Remédios

A Igreja Matriz, como conhecemos hoje, nada apresenta das características arquitetônicas de sua construção primitiva, pois seu acabamento interno se deu exatamente no final do século retrasado, findo já o fausto da cidade. Mesmo assim, destacam na igreja a imponência da edificação, suas torres inacabadas, algumas imagens das antigas capelas e as pinturas das capelas internas que datam do século XVIII. Merecem atenção especial as imagens da Semana Santa, todas em tamanho natural, um detalhe curioso são as torres inacabadas e o fundo da igreja, sem terminar. Acredita-se que isto aconteceu, não só pela falta de recursos e mão-de-obra escrava, mas também porque a igreja afundou, inclinando-se perigosamente para frente, devido ao enorme peso de sua fachada e à consistência do terreno onde foi construída.

Igreja de Santa Rita

Igreja de arquitetura jesuítica apresenta nos elementos internos, que a integram, as características do barroco-­rococó, notadamente na talha policromada do altar-mor, que possui ladeando o frontão, os únicos anjos orantes em altares da Paraty.

          Numa tentativa de dar unidade entre seus altares, quando foi concluída a restauração do altar-mor, foram pintados os dois altares colaterais de canto, que apresentam, assim uma pintura nova. Seus altares são dedicados a Santa Rita, Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora do Carmo.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito

Iniciou sua construção em 1725, em 30 de agosto de 1750, foi fundada a Irmandade dos Homens Pretos e a de Nossa Senhora do Rosário. Em 1757, foi totalmente reconstruída por todos os escravos da cidade. A igreja possui arquitetura simples e igual às construções religiosas da época. Os altares são dedicados a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e São João. O adorno em forma de abacaxi que sustenta o lustre de cristal no centro da nave; chama bastante a atenção. O interior desta igreja é considerado o mais rico. Os retábulos são do século XVIII e foram confeccionados por escultores açorianos.

Nascida no Rio de Janeiro nos anos 20, a UMBANDA é uma mistura de crenças e rituais africanos e europeus. As raízes umbandistas encontram-se em duas religiões trazidas pelos escravos: a cabula, dos bantos, e o candomblé, da nação nagô. Também é chamada de magia branca que no meio popular significa fazer o bem e combater a magia negra.

A Umbanda considera o universo povoado por entidades espirituais, guias, que entram em contato com os homens por intermédio de um iniciado, médium, que os incorpora. Esses guias se apresentam por meio de figuras como caboclo, preto-velho e pomba-gira. Os elementos africanos misturam-se ao catolicismo, criando a identificação de orixás com santos.

Com grandes terreiros em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia, o CANDOMBLÉ, por sua vez, cultua os orixás. Estas entidades são deuses das nações africanas dotados de sentimentos humanos como ciúme e vaidade. Calcula-se que um terço da população brasileira participe de rituais do Candomblé já que a maioria muitas vezes vai ao terreiro ao mesmo tempo em que é adepta de outras religiões.O Candomblé chegou ao Brasil entre 1600 e 1900 com o tráfico de escravos negros da África Ocidental. Sofreu grande repressão dos colonizadores portugueses que o consideravam feitiçaria. Para sobreviver às perseguições, os adeptos passaram a associar os orixás aos santos católicos, ocorrendo o sincretismo religioso. Os orixás Iemanjá (força das águas) e Iansã (raios, tempestades, ventos) são associados a Nossa Senhora da Conceição e Santa Bárbara, respectivamente.

 Pegamos um pequena parte da entrevista do site ComCiência com o artista plástico Emanoel Araújo, que explica bem, faz um jogo de palavras sobre a cultura negra e a aceitação  na sociedade...

ComCiência - O que falta para a valorização da cultura negra estender-se para a sociedade como um todo?
Araújo - Temos que olhar para nós mesmos e pararmos de achar que o outro lado do Atlântico é mais importante. Isso vale não apenas para a cultura afro-brasileira, mas para a cultura brasileira. Essa cultura, que é miscigenada, deve ser valorizada por nós mesmos, aqui dentro. Voltamos à questão da auto-estima. A construção dos personagens e heróis, a identidade do negro foi construída de que maneira? De que maneira o negro se inseriu numa sociedade que lhe rechaçou, explorou, e explora? E de que maneira essa gente que foi escravizada conseguiu contribuir não apenas para a música, mas para a literatura, vocábulos para a língua, hábitos e costumes, para o que existe de africano ou de afro-brasileiro na cultura brasileira? A busca das nossas raízes, não apenas trata da inclusão, mas também trabalha com a auto-estima. Na hora que tivermos dados fundamentais para nossa valorização, a questão do estereótipo se acabará.

POST IT - ESPECIAL: RELIGIOSIDADE

Fotos tiradas por Luciana Yumi e por Alexandre Alves.

© 2016 por Isabela Carvalho, Luciana Yumi e Renata Muniz. Orgulhosamente criado por Wix.com

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